O CICLISTA ASSASSINADO

José Geraldo Marques

Para Carlos Méro

Numa rua de Bucha jaz

Um ciclista assassinado

Ambos anônimos:

A rua e o homem

Ambos antônimos

Do que ainda se chama

HUMANIDADE!

Façamos um século de silêncio

Apenas para escutar os sinos

Que tangem por nós

E tangem por vós assassinos

Calem-se todos os lírios

São tantas as mortalhas

Que o áugure de penas

Não mais dá conta

Do seu funéreo recado

Cai uma chuva de lágrimas

É a Virgem da Ucrânia que chora

Um pranto de Raquel

Pelas crianças estraçalhadas

E pela ausência de auroras

Na cidade dilacerada

A ordem foi fielmente cumprida:

Não restou pedra sobre pedra!

Uma pena! Pois todas

Deveriam ser atiradas

Sobre a cabeça

Do Herodes

Ressurecto como bandido!

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