Os Dois Melros
ESTAVA CONVICTO DE QUE NÃO ERA ELE MESMO. Não passava do corpo em que o poeta Sabino Romariz** regressara à vida. Tendo os dois aberto o primeiro berreiro em Penedo, ele havia nascido um punhado de anos depois de Sabino. O que também havia dado ânimo para que ele encasquetasse que se tratava da mais pura verdade. Não remoía dúvida, portanto, de que não tinha alma própria. Era um continente com um conteúdo alheio. Nada mais. E era bem por isso que sentia, amava, sofria e poetava tal qual ele. Sem tirar nem pôr.